IA é alternativa para setor de alimentos mais sustentável
Nos últimos anos, a indústria de alimentos tem passado por uma transformação radical impulsionada pela inteligência artificial. As novas tecnologias têm revolucionado os processos de produção, como também estão moldando o futuro da alimentação global.
De acordo com o relatório da Grand View Research, o mercado de inteligência artificial no setor alimentar está projetado para alcançar mais de 11 bilhões de dólares até 2027, refletindo um crescimento exponencial à medida que empresas buscam soluções inovadoras para os desafios atuais do mercado.
O movimento econômico acontece ao mesmo tempo em que o mundo se volta para a urgência do tema: segundo pesquisa realizada pela Sodexo, 79% da população mundial considera urgente a adoção de sistemas de alimentação mais saudáveis, enquanto no Brasil, esse número é ainda maior, com 89%.
“O sistema agroalimentar precisa se redesenhar. Nós precisamos aumentar a nossa capacidade produção de alimentos, mas a forma como produzimos alimentos hoje é insustentável”, considera Gustavo Henrique Rocha, CEO da Nutricandies.
A startup atua com modelos de economia regenerativa para a transformação de subprodutos em superalimentos, e traz sua expertise para a programação da Fi South America (FiSA) 2024, no painel “Alimentação do Futuro: Como a Inteligência Artificial e Outras Tecnologias Moldam Novos Produtos e Ingredientes”.
Pesquisa e desenvolvimento de produtos Como parte do Summit Future of Nutrition, tradicional congresso da FiSA, o painel acontece nesta quarta (7), às 11h20, trazendo um debate sobre o impacto da inteligência artificial nas estratégias industriais, que tem se mostrado um instrumento para elevar padrões de qualidade e construir um futuro alimentar mais inteligente e sustentável.
Além de Gustavo Rocha, o evento também recebe Cynthia Pereira, Diretora e R&D da NotCo. A empresa produz alimentos à base de plantas, utilizando softwares de inteligência artificial, sobretudo, no processo de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.
“A inteligência artificial pode me ajudar a chegar a uma alternativa muito mais rápida e de maneira muito mais eficiente”, relata Cynthia sobre o funcionamento e aplicação do software da NotCo.
O programa tem como base bancos de dados de ingredientes de diversos fornecedores, e a partir disso sugere testes e combinações de formulações em suas diversas variáveis da matriz alimentar.
O processo otimiza testes, diversifica ingredientes e reduz desperdícios, além de permitir a resolução de problemas específicos em casos de restrições alimentares.
No painel, Cynthia apresenta os detalhes de três cases de sucesso permitidos pelo uso de inteligência artificial aplicada ao desenvolvimento de produtos na NotCo.
A marca conseguiu replicar o aroma de frango em alimentos à base de plantas utilizando uma combinação de pêssego, morango e tomate, e também reproduzir a textura do doce de leite num doce feito sem ingredientes de origem animal. Por fim, ela relata o mais complexo: substituir o ovo como ingrediente em receitas diferentes, com diversos ingredientes alternativos.
Produção e distribuição de insumos com máximo aproveitamento
Já no âmbito operacional, Gustavo Rocha traz a experiência da Nutricandies, que aplica algoritmos avançados para auxiliar no monitoramento de qualidade de ingredientes, matérias primas e insumos alimentares, desde a produção agrícola até a distribuição.
Isso, segundo ele, permite a redução de desperdícios e prejuízos ao longo da cadeia de suprimentos alimentares, mas não tira a responsabilidade ou a necessidade do acompanhamento de agentes fiscalizadores de qualidade e segurança alimentar. É esse, aliás, o principal desafio do setor no uso de tecnologias de inteligência artificial ao longo do processo produtivo, segundo os painelistas.
Para Gustavo, é fundamental pensar no equilíbrio entre a eficácia e a confiabilidade, enquanto Cynthia aponta a importância da harmonia na interação homem-máquina: “Os cases de sucesso que nós temos só acontecem quando temos profissionais de diversas áreas trabalhando em conjunto com a inteligência artificial, entendendo a limitação tanto dos softwares quanto das pessoas”.
O que há de mais novo, tecnológico e sustentável no setor de alimentos e bebidas
A Food ingredients South America (FiSA), a maior e principal feira de negócios do setor de ingredientes para as indústrias de alimentos e bebidas na América do Sul, teve início na última terça (6) e segue até quinta (8), com realização da Informa Markets. A 26ª edição do evento é a maior dos últimos 7 anos, e vai reunir 217 expositores de 36 países, ocupando mais de 6,5 mil m² de exposição, além de oferecer uma agenda diversificada de atrações com conteúdo para apoiar as inovações das indústrias de alimentos e bebidas.
Em 2024, o evento traz foco em Inovação e Sustentabilidade, visibilizando oportunidades e iniciativas que visam a valorização dos biomas brasileiros e da América Latina, em relacionamento com diversos outros países. Profissionais e especialistas vão discutir temas essenciais para o futuro da indústria de alimentos, com destaque para a cadeia de ingredientes, e temas como proteínas alternativas, personalização de produtos e novos marcos regulatórios.
“Neste ano, queremos destacar iniciativas que estão impulsionando o desenvolvimento de produtos alimentícios inovadores. Diante das crescentes preocupações socioambientais, o momento nos pede para ir além da elaboração alternativas para alimentos saudáveis e nutritivos. Precisamos debater soluções que permitam processos de produção mais sustentáveis, equilibrados e diversos, e esse é o nosso compromisso para marcar a edição de 2024”, avalia Diane Coelho, gerente da FiSA