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Quais elementos conduzem o futuro dos alimentos para além do óbvio?

Conceitos foram destacados por palestrantes presentes ao primeiro dia de conferências do NIS (Nutri Ingredients Summit), evento realizado em São Paulo

O futuro da nutrição passa por investimentos em áreas estratégicas, como inovação e upcycling, e pelo estabelecimento de uma mentalidade voltada a ir além do óbvio, capaz de explorar todas as possibilidades oferecidas pelos alimentos. Estes e outros conceitos foram destacados por palestrantes presentes ao primeiro dia de conferências do NIS (Nutri Ingredients Summit), evento realizado no Transamérica Expo Center, em São Paulo, entre 30 e 31 de maio.

Durante a abertura oficial, os co-fundadores do NIS, Adriano Pegorelli e Cassiano Facchinetti, apontaram para o evento como uma oportunidade de provocar fornecedores a potencializarem o desenvolvimento de soluções para a indústria. “É preciso enxergar startups fora do segmento para trazer mais impacto. O olhar de fora gera mais oportunidades para o setor”, sugere Pegorelli.

As novidades que o segmento demanda podem estar no próprio Brasil, como analisou Facchinetti. Em sua fala, ele lembrou a existência de inúmeros biomas a serem explorados no País e sugeriu a busca por sabores que possam ajudar a desenvolver a região e promover inovação nas localidades em potencial.

O argumento está alinhado com as observações de Gustavo Levy Dosualdo, diretor das divisões de LifeScience e Química Industrial das marcas MCassab e Nutror, em um painel sobre o futuro dos alimentos. “Não é hora de frear investimentos em inovação, pelo contrário”, destacou o palestrante.

Ele aproveitou para destacar as posições da criatividade e da ciência como fundamentais para um mundo melhor. Ainda lembrou como o meio ambiente precisa estar em harmonia com aquilo que é produzido como alimento.

A questão ambiental também fez parte da apresentação de Deia Vilela, head da divisão de Saúde e Biociência da IFF para a América Latina, por meio do conceito de upcycling. Utilizar os alimentos integralmente, sem desperdícios, é um desafio que deve estar posicionado de forma permanente entre as prioridades da indústria. Outra recomendação para o futuro passa por trabalhar com subprodutos que ajudem a converter resíduos em alimentos.

Geração Z e a comida que “sempre está lá”

Definida pelas pessoas nascidas, em média, entre a segunda metade da década de 1990 até o início de 2010, a Geração Z foi alvo de discussão sobre a maneira como vê a nutrição. Antropólogo e sócio do Grupo Consumoteca, além de colunista do UOL e da CBN, Michel Alcoforado afirmou que o grupo enxerga a comida como sinônimo de autonomia e que mudar a lógica da dieta é o primeiro passaporte para a vida adulta.

Para eles, a indulgência vem antes de saudabilidade e da sustentabilidade, e a comida tem papel decisivo na organização da vida cotidiana. Dessa forma, a preferência está por opções “always on”, a comida que está sempre lá – a exemplo de símbolos tecnológicos da era moderna, casos do Uber e da Netflix – assim como opções que sejam dopaminérgicas. Essa percepção sugere mudanças de embalagens, canais e pontos de venda para a indústria atender a este público.

Outra observação de Alcoforado sobre a Geração Z é a importância da experiência ir além do nutricional. O que interessa são as conversas que a comida gera. “Sua comida vira conversa no TikTok?”, questionou o palestrante.

Grupo dos 50+ pautam demandam por opções saudáveis

Se os mais novos têm tido um comportamento com a alimentação mais voltado à indulgência, aqueles com mais de 50 anos contribuem para fazer desta a década do envelhecimento saudável, conforme projeção da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) destacada por Karina Timpani, nutricionista especialista em Gerontologia, durante o NIS. O mundo está ficando mais velho e os idosos, cada vez mais saudáveis. “Até hoje não se desenvolviam produtos alimentícios para os idosos”, alerta Timpani.

Neste período da vida, há alterações sensoriais nos sabores, olfato, além da diminuição das papilas gustativas, bem como alterações gastrointestinais – menor eficiência na deglutição, diminuição de suco gástrico e diminuição da síntese proteica estão entre elas.

A especialista considera que o papel da nutricionista especializada está aumentando. Também cresce o interesse em entender o que vão comprar e em ter condições de opinar sobre a escolha. Por isso, as marcas devem levar em conta aspectos sensoriais, fisiológicos e biológicos. Rótulos com apresentação clara e embalagem fácil de abrir, com quantidade adequada para uma ou no máximo duas pessoas, estão entre as sugestões.

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