Projeto transforma sobras de peixe em alimentos e cosméticos
O projeto “Fish Matter”, liderado pelo Laboratório Colaborativo para a Bioeconomia Azul (B2E CoLAB), está transformando partes descartadas do peixe, como espinha, cabeça e víscera, em produtos de alto valor agregado. A iniciativa, que integra o Pacto da Bioeconomia Azul (PBA), busca combater o desperdício e promover a sustentabilidade, alinhando-se às diretrizes europeias de economia circular e zero desperdício.
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Tradicionalmente utilizados na produção de rações animais, esses coprodutos agora são matéria-prima para indústrias alimentícia, cosmética e farmacêutica. “Estamos explorando aplicações como colágeno para cosméticos, bioplásticos de cascas de crustáceos e até argamassa de conchas de bivalves”, explica Maria Coelho, coordenadora do B2E CoLAB.
Valorização e inovação
Com foco na valorização dos coprodutos, o projeto conta com parcerias de instituições como CIIMAR, IPMA, Universidade de Aveiro e ISEP. Essas entidades realizam estudos para identificar propriedades nutricionais e desenvolver tecnologias para transformar sobras de peixe em alimentos enriquecidos, biopolímeros e produtos bioativos.
“Nosso objetivo é tirar o máximo proveito desses subprodutos, criando extratos com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que podem ser aplicados na indústria alimentícia e em outros setores”, afirma Cristina Delerue Matos, pesquisadora do ISEP.
Indústria alimentícia como destaque
Empresas como a Conservas Pinhais já participam do projeto, utilizando sobras de peixe que antes eram destinadas a farinhas para animais. Com cerca de 20 toneladas de coprodutos geradas por mês, a Pinhais agora foca na valorização desses materiais.
“Essa iniciativa não apenas reduz o desperdício, mas também abre novas oportunidades de negócio”, destaca Marco Ferreira, diretor de operações da empresa.
Uma plataforma inteligente está sendo desenvolvida para conectar geradores de coprodutos a empresas interessadas em utilizá-los. Com previsão de lançamento entre o final de 2025 e início de 2026, a ferramenta promete alavancar a comercialização desses resíduos e ampliar sua utilização em diversos setores.
Sustentabilidade no centro
Além de reduzir desperdícios, o projeto busca alinhar inovação com políticas de sustentabilidade. “Essa é uma oportunidade de transformar sobras em novos produtos rentáveis e ambientalmente responsáveis”, conclui Maria Coelho.
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O “Fish Matter” reforça o potencial da bioeconomia azul para reimaginar a utilização de recursos marinhos, promovendo práticas mais sustentáveis e economicamente viáveis. O projeto deve ser concluído até o final de 2025.
Fonte: smart-cities
Foto de Jakub Kapusnak na Unsplash